Poucas atividades são mais gratificantes na rotina de um empreendedor quanto a contratação de um novo integrante da equipe. Além da percepção clara de que o negócio está crescendo, a adição de um colaborador demonstra que a empresa cumpre sua função social, gera mais empregos e contribui para a economia do país.
Porém, toda a felicidade da contratação pode se transformar em dor de cabeça, se o empresário não considerar o real custo de um funcionário. Pois, ao contrário do que afirma o senso comum, o salário é apenas uma parte dos muitos passivos de um novo profissional. Em muitos casos, o custo da contratação pode atingir quase 3 vezes o valor da remuneração acertada.
De acordo com uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, o empreendedor desembolsa 183% do salário no pagamento de benefícios, encargos tributários e administrativos e obrigações trabalhistas.
Para que a alegria das suas contratações não se transformem em um pesadelo contábil e financeiro, estão descritas nas próximas linhas os principais custos de um funcionário e algumas dicas de como planejar-se de forma estratégica para reduzir esse valor. Fique atento e aproveite a leitura.
Impostos incidentes sobre o salário de um colaborador
O primeiro ponto que você deve considerar ao calcular o custo de um funcionário é o regime tributário no qual seu negócio está inserido. A depender do modelo fiscal da sua empresa, os custos podem se alterar substancialmente.
Simples Nacional
As empresas que optam pelo modelo de cobrança simplificada, podem ser oneradas de duas formas conforme o percentual do faturamento investido no pagamento da folha.
Negócios optantes pelo Simples, que investem pelo menos 28% da receita bruta no pagamento de funcionários, devem arcar com os seguintes valores:
- 8% de FGTS;
- Férias anuais e o terço constitucional;
- 13º salário;
- 8% de FGTS do valor anual.
Cabe ainda a dedução de 8% do salário do colaborador, referente à contribuição para Instituto Nacional do Seguro Social, INSS.
Caso, o pagamento dos funcionários seja inferior aos 28% mencionados no tópico anterior, a alíquota de 8% do INSS sobe para 20%. Os empresários enquadrados nesse caso devem contribuir também com o RAT de 1 a 3% do valor do salário para financiar indenizações por acidente de trabalho.
Lucro Real ou Presumido
Já as empresas que movimentam montantes anuais superiores a R$ 3,6 milhões precisam para a chamada alíquota de terceiros, cujo valor é de 5,8% do salário do colaborador.
Outros custos de um funcionário
Contudo, os 183% adicionais mencionados pela pesquisa FGV vão muito além dos tributos e englobam ainda as parcelas citadas nas próximas linhas.
Transporte e alimentação
A começar pelos custos com o deslocamento e alimentação do trabalhador, sendo que um percentual desse primeiro pode ser deduzido do salário do empregador.
De acordo com a legislação vigente, os profissionais CLT podem ter 6% do valor do salário abatido para financiar despesas com transporte. Sendo assim, quanto mais baixa a remuneração, mais alto será esse ônus.
Auxílios e outros benefícios
O empreendedor precisa considerar também os custos com os auxílios destinados à cultura, assistência médica, odontológica e outras benesses concedidas pela empresa.
Custos gerenciais e infraestrutura
Um novo funcionário afeta também a necessidade de profissionais e ferramentas pelos setores administrativos e gerenciais. Ao ampliar muito os times você pode, por exemplo, precisar de novos líderes ou ferramentas para organizar a frequência e a contabilidade.
Um funcionário demanda ainda uma infraestrutura mínima para executar suas funções com uniforme, maquinário e itens de segurança. Tudo isso precisa ser levado em conta ao ampliar sua capacidade produtiva com mais mão de obra.
Treinamentos e qualificações
Antes de executar seu trabalho com eficiência satisfatória, um novo colaborador precisa de auxílio para capacitar-se nas técnicas, ferramentas e procedimentos implicados ao novo cargo.
Para isso, sua empresa pode oferecer treinamentos in company, financiar outras qualificações, parte de uma graduação ou pós que o funcionário deseja fazer fora da empresa que contribuirá significativamente com as atividades que ele exerce.
Mesmo que não haja uma verba específica para isso, ao disponibilizar algum dos funcionários ativos para treinar o novo integrante da equipe, existe uma redução no desempenho do primeiro que teve de adicionar mais uma atividade em suas demandas.
Técnicas para reduzir o custo da folha de pagamento
Você já deve ter observado claramente que o custo de um funcionário vai muito além do salário e mesmo dos impostos adicionados a folha. Contudo, existem maneiras de aumentar o grupo de profissionais disponíveis sem arcar com todos os ônus citados ou pelo menos reduzindo alguns deles.
Invista na retenção dos colaboradores
A primeira e mais impactante ação para atingir essa finalidade consiste em reduzir a rotatividade de profissionais no seu negócio. Com empregados passando mais tempo dentro da empresa, eles tendem a demandar menos investimento em treinamento e qualificação e a executar suas funções com mais eficiência, o que reduz a necessidade de pessoal. Além disso, você não tem os altos e temidos custos de demissão e indenização na Justiça Trabalhista.
Considere terceirizar a mão de obra
Com o advento da reforma trabalhista, você pode tratar como possibilidade a terceirização dos profissionais, mesmo na atividade-fim da empresa. Os profissionais externos dispensam os passivos trabalhistas e o investimento na infraestrutura da empresa.
Contudo, é preciso ter atenção para que a terceirização não caracterize o vínculo empregatício e o obrigue a todos os passivos de um funcionário celetista.
Aposte nos programas de estágio e aprendizagem
Por fim, você pode considerar implantar no seu negócio um programa de estágio e aprendizagem e contratar profissionais durante o curso técnico, faculdade ou antes mesmo de completarem os 16 anos.
Você pode moldar esses trabalhadores conforme a necessidade do seu empreendimento. Além disso eles implicam menos impostos e custos trabalhistas que um profissional CLT.
Em resumo, podemos afirmar que a folha de pagamento transcende e muito ao gastos com o salário e pode colocar em risco a saúde financeira de um negócio. Entretanto, se você planejar bem é possível reduzir ou eliminar grande parte do custo de um funcionário.
Após a leitura deste conteúdo, certamente você pode contratar com mais segurança, garantindo que a felicidade de um novo emprego não ponha em risco todos os outros que você gera. Para garantir que os custos de um funcionário na sua empresa possam ser reduzidos considere nossa última dica e leia o artigo do Comércio em Ação com 5 benefícios do programa menor aprendiz.