Você já ouviu falar em ESG e como ele tem sido cada vez mais relevante na pauta da sociedade, na transformação dos negócios e como ele vem influenciando as tomadas de decisões de investidores por todo o mundo? Se não está por dentro deste termo, fica tranquilo pois vamos explicar tudo neste post!
ESG, do inglês, Environmental, Social and Governance, embora não represente um tema necessariamente novo no mercado, vem despontando como uma grande tendência no mundo dos negócios, aliado à preocupação com as questões ambientais, sociais e de governança corporativa.
Conhecer o seu significado, seus objetivos e sua importância pode ajudar o investidor a tomar decisões com base em políticas relacionadas ao meio ambiente, sociedade e ética das empresas, conforme veremos a seguir.
O que é ESG?
O ESG (Environmental, Social and Governance) diz respeito a um conjunto de padrões e boas práticas a fim de definir se a operação de uma empresa é socialmente consciente, sustentável e corretamente gerenciada.
Ou seja, busca-se mensurar se uma empresa é realmente uma opção viável de investimentos sustentáveis e capaz de gerar impactos positivos financeiros, sociais e ambientais. Desse modo, a incorporação do ESG à estratégia e modelo de negócios veio para reforçar que propósito e lucro são indissociáveis.
Por que foi criado o ESG?
A sigla foi criada em 2004 por uma iniciativa ligada à ONU, e para entendê-la da melhor forma é necessário olhar para cada palavra que a compõe, entendendo seu significado.
Environmental, ou ambiental, diz respeito às práticas corporativas relacionadas ao meio ambiente. Discussões sobre mudanças climáticas, diminuição da emissão de carbono, gestão de resíduos, uso de fontes renováveis, todas essas atitudes fazem parte desta categoria.
Social está relacionado à responsabilidade e ao impacto da empresa na comunidade que está inserida. Diz respeito a direitos humanos e leis trabalhistas, diversidade e inclusão no ambiente de trabalho, e criação de um ambiente seguro e saudável para colaboradores e clientes.
Desta forma, ESG pode ser como uma espécie de critério de sustentabilidade para investimentos: ao invés de olhar apenas para índices financeiros, os investidores podem observar as práticas ESG de companhias que eles estão interessados em negociar.
O que o ESG pode dizer sobre uma empresa?
O ESG pode dizer muito sobre o quanto a empresa está comprometida em relação a uma agenda mundial de extrema relevância em governança corporativa. Ele ajuda a avaliar se uma empresa está de fato conectada às principais tendências, desafios e compromissos globais da sociedade, que sabe o que é o certo a se fazer.
Como são realizadas as avaliações?
A viabilidade do investimento depende de classificações independentes que ajudam a avaliar o comportamento e as políticas da empresa nesses três pontos principais. Vale ainda ressaltar que não necessariamente uma organização deve ter atuações semelhantes no âmbito ambiental, social e de governança.
Uma empresa de serviços digitais, por exemplo, não terá uma atuação que cause impactos diretos ao meio ambiente (Se ela tiver um datacenter, terá impacto a mensurar do ponto de vista do consumo de energia e descarte dos equipamentos).
Porém, como você já entendeu, tudo depende das avaliações: a localização dos escritórios, o tratamento aos funcionários, o impacto nas comunidades em que está inserida, entre outros elementos, que passam a ser cruciais.
Cada um desses critérios têm um significado mais profundo, com diretrizes próprias que dependem do contexto e particularidade do setor em análise, mas de forma geral costumam ser avaliados os seguintes aspectos:
Ambiental:
- Gestão de resíduos;
- Política de desmatamento (caso aplicável);
- Uso de fontes de energia renováveis pela empresa;
- Posicionamento da empresa em relação à questões de mudanças climáticas;Processos dedicados a reduzir ou eliminar a poluição do ar ou da água decorrentes de suas operações;
- Logística reversa de produtos;
- Política de negociação com fornecedores (se negocia com empresas participantes do Fair Trade, ou que usam insumos orgânicos ou mesmo que possuem certificações ambientais);
- Dentre outros.
Social:
- Taxa de turnover;
- Plano de previdência para os funcionários;
- Nível de envolvimento dos funcionários com a gestão da empresa;
- Benefícios e vantagens oferecidos aos funcionários, além do salário;
- Posição pública ou política sobre questões de direitos humanos;
- Avaliação se o salário do funcionário é justo em relação aos praticados dentro da empresa e também em relação ao mercado;
- Dentre outros.
Governança:
- Transparência financeira e contábil;
- Relatórios financeiros completos e honestos;
- Remuneração dos acionistas;
- Independência, equidade e diversidade nos conselhos;
- Integridade e práticas anticorrupção;
- Gestão de riscos;
- Dentre outros.
Como saber se uma empresa é ESG?
No Brasil, o ESG não é parametrizado. A avaliação desses aspectos em qualquer empresa ainda é bastante subjetiva e com variações. Mas esse cenário deve mudar e a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) já publicou recentemente uma alteração nas regras do Formulário de Referência — documento que contém as principais informações sobre as empresas—, ampliando a exigência de informações sobre aspectos ESG.
Exemplos de empresas no Brasil
A Suzano, fabricante de papel e celulose, emitiu, no final de 2020, US$750 milhões em títulos vinculados à sustentabilidade com vencimento em 10 anos, que saíram com yield abaixo de papéis convencionais do mesmo tipo no mercado, na menor taxa da sua história.
A Klabin, por sua vez, captou US$ 500 milhões por um prazo de 10 anos a um yield de 3,2%, o menor para uma empresa brasileira com seu nível de rating.
Cuidado com o Greenwashing: falsa sustentabilidade
O Greenwashing é a prática da falsa sustentabilidade. A tradução literal do termo é “lavagem verde” ou “banho verde”, e define a ação de uma empresa de difundir a sustentabilidade em seus produtos e serviços, mas não exercê-la de fato.
Tendências do ESG em 2022
Confira 5 tendências que o investidor precisa ficar atento em relação à pauta ESG para este ano. São eles:
- Questões climáticas atreladas à emissão de gases do efeito estufa;
- Créditos de Carbono: em especial no Brasil, um projeto de lei (PL nº 528/21) que visa regulamentar o mercado de créditos de carbono pode ser aprovado;
- Diversidade e Inclusão: o pilar ‘S’ da sigla deve ganhar força;
- Avanços na regulamentação: as iniciativas promovidas pela CVM caminham nesta direção, mas novas ações ainda devem acontecer sobre a temática;
- Padronização da regulamentação: seja por conta própria ou por meio das novas regulamentações, parâmetros definidos com maior clareza e coesão são uma meta para 2022.
Para os especialistas, de uma maneira geral, o ESG vai ganhar mais força neste ano de 2022. Segundo levantamento anual feito pela Deloitte e pelo Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (IBRI), 74% das empresas com ações na Bolsa planejam aumentar o orçamento destinado a ESG em 2022 e essa tendência vai ditar quais empresas irão prosperar e tem mais chances de sucesso no mercado.